Lorimá Dionísio (Mazinho)
Bastidores e análises precisas sobre a política no Estado de Goiás
A jogada de mestre de Iris Rezende Machado não deu certo. A tal campanha “volta Iris” reuniu uns 150 gatos pingados, no máximo, e ele sentiu que o chão estava aberto. Era hora mesmo de enterrar a sua famigerada fome de poder e deixar a sucessão goianiense para os 12 pretendentes já anunciados pela imprensa. E o afastamento do ex-prefeito e ex-governador cacique do PMDB fortaleceu duas pré-candidaturas – deputado federal e delegado Waldir Soares, do PR, e do empresário e ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso, do PSB. Waldir foi para 32,7% nas pesquisas e Vanderlan subiu para 21,2%. Em terceiro lugar ficou a deputada estadual e delegada Adriana Accorsi, do PT, com 8,6%.
A saída da cena política de Iris Rezende – agora mais ou menos definitiva – contagiou alguns concorrentes já desacreditados nas pesquisas de intenções de voto. O deputado federal Giuseppe Vecci, do PSDB, por exemplo, ficou afastado dos movimentos por recomendações médicas e, sem dúvida nenhuma, sentindo o quadro feio para o partido dele (marcou míseros 2,4% no último levantamento, ficando em sexto lugar), estava disposto jogar a toalha no picadeiro da disputa onde, apesar de todos os esforços, ele fazia apenas o papel do palhaço Bozo. Pior, com Vecci ninguém estava aceitando fazer coligação para ser a careta do caju: um vice sem chances de vitória.
Fator Iris
Quando Iris repetiu, pela enésima vez, o ato de que não seria candidato na sucessão municipal deste ano, é evidente que ele esperava por uma grande reação de apoio dos velhos correligionários, também já cansados desse modelo político. A coisa começou a ruir depois que a mulher dele, dona Iris Araújo, resolveu lavar roupa suja e agredir o pessoal do próprio PMDB. Os mais sérios se afastaram de imediato. Outros bateram boca com ela ou então viraram as costas para ignorar os ataques (caso do deputado estadual José Nelto). O caldeirão peemedebista ferveu assim que o nome do deputado federal Daniel Vilela começou a crescer como liderança jovem e que poderia surpreender na disputa. Foi aí que o partido trincou de vez, de modo praticamente irreparável. Trocando em miúdos, a vaca foi para o brejo, literalmente.
Não se pode negar que Iris Rezende ainda conserva uma liderança um tanto significativa no eleitorado goianiense. O apoio dele poderia ajudar um ou outro nome, dependendo da sua vontade em sair às ruas pedindo votos para uma chapa. Essa vontade parece que morreu naquela patética reunião do “volta Iris”, onde os gatos pingados não empolgaram ninguém. E ele sabia que, sobre os seus ombros, ainda pesa o desastre chamado administração Paulo Garcia, do PT, que chegou ao Paço com total apoio dele. Dificilmente Iris Rezende, neste pleito, deixará o conforto de sua casa para apoiar quem quer que seja, a não ser que sua mulher – Iris Araújo – seja a candidata do partido.
Delegado Waldir
O candidato Waldir Soares está, hoje, com a vitória nas mãos para a sucessão de outubro próximo. O que poderá atrapalhar o sucesso eleitoral é o nome de Vanderlan Cardoso – o segundo nas pesquisas – caso ele encabece uma chapa com apoio de vários partidos, inclusive o PSDB (leia-se governador Marconi Perillo). O delegado Waldir ainda conserva sua linguagem agressiva das redes sociais, onde ele sempre abraçou a tese de combater violência usando violência. O povão gosta disso, principalmente o eleitorado jovem e sem conteúdo escolar. Famílias que foram vítimas de roubos, latrocínios, homicídios e acidentes de trânsito sem castigo para os infratores são votos de cabresto do delegado. Se Waldir Soares soubesse negociar e ficasse mais humilde ninguém poderia impedir o acesso dele ao Paço Municipal. O problema é que ele não é assessorável. E nem confiável.
Já a delegada Adriana Accorsi não chega lá por causa do PT municipal, estadual e nacional. É uma nódoa sem chances de remoção. Os votos de Adriana são dela, do pai dela, dos amigos e dos admiradores. Se Paulo Garcia entrar na campanha com intuito de ajudar, ela despenca nas pesquisas. Surgiu um boato de nova união entre o PMDB e o PT, desde que Iris Rezende ajude. Deve ter sido piada, e de mau gosto.
Vanderlan
Não se pode dizer que a situação da candidatura de Vanderlan Cardoso é confortável e com grandes chances pelo quase mesmo motivo do Delegado Waldir. Ele é ruim de entendimento com políticos de outros partidos. Em termos de experiência administrativa ela carrega o trunfo de ter marcado época no desenvolvimento de Senador Canedo. Soube aplicar bem os recursos do município e despertou no canedense o orgulho de morar em uma cidade “boa de se viver”. Ele fez os seus dois últimos sucessores, porém queimou cartucho com o prefeito Misael Oliveira, do PDT, que dificilmente terá sucesso se tentar buscar a reeleição. Tanto assim é que Vanderlan apoia o nome de um empresário e se declara desafeto de Misael.
Se Vanderlan Cardoso mantiver firme a candidatura dele em Goiânia ele corre o risco de não eleger seu protegido ou indicado em Senador Canedo. Será difícil ele se dividir em duas campanhas acirradas. Aí o pleito no município vizinho da Capital pode ficar indefinido. Pelo andar da carruagem, muita água ainda tem que passar sob a ponte da sucessão em Goiânia, onde ainda sonham em disputar o pleito o deputado estadual Bruno Peixoto, do PMDB; o ex-deputado federal Luiz Bittencourt, do PTB; Giuseppe Vecci, do PSDB; deputado Francisco Júnior, do PSD; deputado estadual José Nelto, do PMDB; vereador Djalma Araújo, da Rede; Alexandre Magalhães, do PSDC; Agenor Mariano, do PMDB; e Flávio Sofiati, do PSol.
Enquanto o Brasil se envolve cada vez mais na lama da corrupção patrocinada pelos dois governos do PT – Lula e Dilma – as conspirações para a escolha do próximo prefeito de Goiânia vão se alastrando pelos corredores dos partidos confiantes de que vão eleger o sucessor do prefeito Paulo Garcia, que está enrolado nos cabelos das pernas dentro do Paço Municipal. Paulo, o desastrado, está sozinho, literalmente. Levou uma esfregada de seu padrinho político, o velho Iris Rezende Machado, que afastou todo o seu PMDB dos petistas goianos. Paulo, o isolado, sabe que o PT tem pré-candidata à prefeita. Trata-se da delegada e deputada estadual Adriana Accorsi, que após ter seu nome lançado se descolou urgentemente de Paulo Garcia. Ela quer cavalgar em cima da administração do pai dela – Darci Accorsi – que deixou um bom legado quando foi prefeito.
Vamos lá: os pré-candidatos na sucessão municipal em Goiânia, até agora, são os políticos Iris Rezende Machado, pelo PMDB; Vanderlan Cardoso, pelo PSB; deputada estadual Adriana Accorsi, pelo PT; deputado federal Delegado Valdir Soares, pelo PR; deputado estadual Francisco Júnior, pelo PSD; Luiz Bittencourt, pelo PTB; e, finalmente, o deputado federal Giuseppe Vecci, pelo PSDB. Não se deve descartar o aparecimento de mais um ou dois nomes nesse grupo, e que deverá ser de real peso, caso seja do meio empresarial. Por enquanto os favoritos são Iris Rezende, Luiz Bittencourt e Vanderlan Cardoso. Vecci poderá crescer na justa, desde que tenha uma assessoria extremamente competente, caso contrário será o palhaço Bozo na disputa. Ele não tem verve política. E se tem, não mostra. E o governador Marconi Perillo não vai conseguir carregar ele nas costas.
O amanhã
O insucesso do prefeito Paulo Garcia em Goiânia jogou barro escuro no PT e no PMDB. E os dois partidos acabaram se desentendendo, com troca de farpas bastante afiadas, beirando as raias da podridão que se discute hoje no Congresso em Brasília. Iris afirmou que deixou os cofres da Prefeitura abarrotados de grana; Paulo Garcia garantiu que, se provocado, poderá exibir o enorme rombo deixado pela administração do PMDB. A troca de unhadas está cada vez mais feia e deverá ficar horrorosa assim que começar a campanha em busca de votos.
A crise política nacional, sem dúvida nenhuma, vai pesar em resultados de sucessões municipais no Brasil inteiro, notadamente em Goiânia que fica nos terreiros do Distrito Federal. Iris tem maior chance de voltar ao Paço Municipal neste pleito por causa do eleitorado cativo que possui na Capital, hoje bem menor do que no passado. Luiz Bittencourt poderá surpreender como opção boa por causa de seu conhecimento político e disposição para caminhar e pedir votos.
Já o empresário Vanderlan Cardoso, que deu uma repaginada na fisionomia, terá que se cercar melhor de assessores para ocupar uma posição convincente em suas mensagens ao eleitorado. Delegado Valdir, se disputar, vai queimar cartucho. Como político ele precisa mostrar trabalho. Adriana Accorsi carrega a mancha do fracasso da administração petista de Paulo Garcia. Francisco Júnior está fadado a ser vice em uma chapa forte (talvez fazendo dupla com Luiz Bittencourt). Giuseppe Vecci está um patamar abaixo ainda do Delegado Valdir. Não é político que caminha com as próprias pernas e pode fazer feio no picadeiro eleitoral.
E as conspirações políticas estão correndo soltas na escolha dos nomes que vão disputar a sucessão do prefeito petista Paulo Garcia em Goiânia. Ao que parece a briga final poderá ser travada entre o PSDB e o PMDB, com o restante das demais agremiações fazendo o possível para “vender” coligações visando eleger alguém para a Câmara Municipal. Estão falados, mas ainda não circulam na mente do povão os nomes dos deputados federais Giuseppe Vecci e delegado Waldir e do vereador Anselmo Pereira pelo PSDB; ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso, pelo PSB; Iris Rezende Machado, pelo PMDB; e, o deputado estadual Virmondes Cruvinel, pelo PSD. A definição do quadro de disputa, em todos os partidos, deve acontecer em meados de março.
Até no final do ano passado houve movimentação em torno do nome do ex-deputado federal José Luiz Bittencourt, mas parece que o projeto não foi levado à diante. Também sonhou com a sucessão ao Paço Municipal o deputado Fábio de Souza, hoje na Câmara Federal, porém ele deve ter sido aconselhado por alguém do PSDB a pensar na Prefeitura de Goiânia daqui a uns cinco anos. É preciso mais do que ajuda dos fiéis da igreja do pai dele, Apóstolo César Augusto, para entrar numa briga de cachorro grande, onde até o PT ainda permanece calado e, sem dúvida, pode até mesmo sair na vice de algum partido para tentar eleger vereadores.
Indefinido
Citar favorito no pleito que se aproxima em Goiânia é chutar saco cheio de pedras morro a cima. Pelo andar da carruagem o nome de Vecci poderá receber as bênçãos da liderança maior do PSDB em Goiás – leia-se governador Marconi Perillo – mas a briga poderá repetir o quadro final das últimas eleições municipais, quando o petista Paulo Garcia levantou o troféu das urnas, para a infelicidade da população goianiense. O apoiado pelo ninho tucano foi o deputado federal Jovair Arantes, do PTB, que levou uma tunda eleitoral exemplar, daquelas de deixar saudades. O ninho tucano já começa a se dividir pela falta de uma definição mais clara por parte da Casa Verde da Praça Cívica. Além de Vecci, resta o nome do vereador Anselmo Pereira, reeleito vereador várias vezes e profundo conhecedor dos problemas de Goiânia, além de ter um passado isento de qualquer comentário venenoso dentro e fora do PSDB.
Ah, sim: tem ainda o delegado Waldir, deputado federal eleito dentro da última campanha de Marconi e com bela votação em Goiânia. Acontece que o delegado é um pouquinho verde na política e, de quando em vez, se escorrega em posicionamentos e declarações desastrosas. Ao que parece, depois de até ameaçar deixar o PSDB ele tirou o time de campo. Deve ter sido aconselhado por algum amigo de confiança – se é que ele tem algum.
O nome de Iris Rezende nunca pode ser esquecido, principalmente pelos possíveis adversários. Ele já está em campanha desde o ano passado, depois de curar as feridas de mais uma dolorosa derrota para Marconi Perillo, na disputa pelo inquilinato do Palácio das Esmeraldas. Assim que retirou os esparadrapos Iris deu início ao seu projeto de retornar, pela enésima vez, ao Paço Municipal, onde raramente ele cumpriu um mandato inteiro, já que o primeiro deles foi interrompido pela ditadura militar. E vendo as lambanças de Paulo Garcia, seu pupilo dentro do PT, Iris “cavou” o desgosto para romper com ele e, de quebra, abraçar um antigo ferrenho inimigo político – o senador Ronaldo Caiado, presidente do DEM regional. Hoje os dois batem bola juntos e usam os demais correligionários como gandulas.
Surpresa?
O empresário e ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso, hoje no PSB, já tentou governar Goiás, mas perdeu para Marconi e Iris Rezende, quando o atual governador conquistou o Executivo goiano pela terceira vez, sucedendo o governador Alcides Rodrigues. Vanderlan também se apresenta como um político inábil na função de fechar acordos e na manutenção de apoio até de antigos correligionários. Ao que parece ele, que sonha em ser governador um dia, vai com muita sede ao pote do Paço Municipal para tentar ganhar e, assim, pavimentar sua estrada política através de uma administração exemplar na Capital, assim como fez em Senador Canedo, onde ele fez dois sucessores.
Vanderlan pode ser a surpresa das eleições deste ano em Goiânia. É bastante conhecido e carrega a fama de bom tocador de obras. O problema é que para fazer alguma coisa, caso vença o pleito, ele teria de contar com o apoio irrestrito do governador Marconi. Mas Vanderlan – assunto que é do conhecimento do mundo político regional – anda de braços dados com inimigos políticos irreconciliáveis do atual governador, entre eles Jorcelino Braga, ex-secretário da Fazenda no governo de Alcides Rodrigues. Então, dificilmente os dois – Vanderlan e Marconi – estarão na mesma carruagem política em futuro próximo, apesar de que em política tudo é possível para se conquistar os objetivos finais.
O quadro de disputa da sucessão municipal em Goiânia deverá ser definido no final de março. Se houver pesquisas, vamos ver quem sairá na frente, mas ainda sem favoritismo algum. O caldeirão político está em ebulição e todos os dias surgem fatos novos para o eleitor analisar e decidir o que fará com seu voto.
Realmente a qualidade da imprensa escrita em Goiânia foi para o saco. Os jornais estão no osso, literalmente. Finos e servindo de folhetim para repercutir, e mal, as manchetes dos assuntos apresentados pela janela do mundo de nossas casas – a tevê. E o pior é que a crise das empresas não é financeira. É má gestão dos donos das publicações e dos chefes de redações. É o cão chupando manga e quando algum articulista escreve algo que irrita o poder, a cabeça dele rola escada a baixo.
Pela tevê você assiste as desgraças do mundo, incluindo aí o retrato ao vivo de nosso Brasil esfacelado e em crises moral, política e econômica. O desemprego vai espalhando pânico em milhões de famílias. O aumento da violência assusta cada vez mais; a batalha inglória da pequena boa Justiça para se combater a enorme corrupção, no topo de todas as mazelas que entristece o dia a dia da vida dos brasileiros.
O mais dolorido é o sumiço do dinheiro público, que enche as burras dos políticos e de suas famílias; a distribuição da arrecadação fantástica de impostos no aparelhamento do governo, financiando partidos e movimentos ditos sociais, comandos por gente reconhecida publicamente como safada. O dinheiro chega fácil aos bolsos de personagens que se dizem vítimas do regime militar, que antes não somavam cinco mil e hoje superam os 200 mil, todos recebendo grana elevada para defender o indefensável governo corrupto e sujo, principalmente nas redes de comunicação. E no meio dessa gentalha, a grande maioria nunca enfrentou nem mesmo olhar feio de algum milico. Essa gente não vê tevê. E se vê e não renuncia o dinheiro que recebe indevidamente porque é gente desprovida de caráter e moral. Alguns, antes até honestos e merecedores de anistia e indenização financeira, infelizmente foram contaminados pela corrupção.
Enquanto essa gente nada em dinheiro público, hospitais deixam de atender milhares de doentes e os medicamentos desaparecem como fumaça. A fome entra nas casas e barracos sem piedade, aumentando os males do físico e o desespero da alma. Tudo isso é causado pelo mau uso do nosso dinheiro que, desviado, ajuda abastecer as adegas dos comunistas e socialistas que infestam os ministérios, secretarias e ONGs preparadas para molestar quem produz a riqueza do Brasil.
Mas o mundo dá voltas interessantes. Um velho amigo e conselheiro já me repetiu várias vezes que o inferno é aqui mesmo. Esse pessoal que rouba e desvia recursos do povo vai assistindo as desgraças esfacelando eles e suas famílias. São os filhos escravos das drogas; é a desagregação da fraternidade e o desinteresse pelo respeito ao próximo. Mais tarde, assim que um governo ético e sério assumir o controle da pátria, acabando com as tetas da porca administração, os ladrões de hoje vão passar pelo sofrimento de ver seus descendentes pagando caro a sujeira praticada por seus irmãos, pais e avós.
Com relação aos que trabalham na máquina administrativa e que são perseguidos e humilhados, há um ditado que já se tornou realidade várias vezes: “Quem atira em cachorro que late contra a roda do carro; quem rouba dinheiro do povo e quem maltrata funcionário público assiste, antes de morrer, desgraças ceifando as melhores vidas em suas famílias…”
As cenas da tevê ainda fazem brotar lágrimas em meus olhos. Quando um canalha injusto paga pelo que fez, incrivelmente eu me sinto bem. Parece que vejo o funcionamento da justiça dos homens se embaralhando com as decisões reivindicadas a Deus pelas orações do povo. Hoje, chegando aos 71 anos e aposentado como profissional da imprensa, eu assisti muita coisa estarrecedora em nosso Brasil. No entanto, o agora me parece bem mais assustador do que o pior que existiu no passado.