A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) vai qualificar os profissionais das vigilâncias epidemiológicas de todos os municípios goianos até 2020. A primeira turma do Curso Básico em Vigilância Epidemiológica participa do primeiro encontro nesta semana, na sede da Escola de Saúde Pública Cândido Santiago, em Goiânia. O curso é voltado para os coordenadores do núcleo de vigilância epidemiológica municipal e profissionais das Regionais de Saúde. O objetivo é capacitar 270 profissionais, divididos em nove turmas, sendo que cada uma participa de três encontros, com carga horária de 72 horas.
A coordenadora pedagógica do curso, Mary Alexandra da Costa, explica que o conteúdo aborda o conceito de Vigilância Epidemiológica; Indicadores de Saúde; Tabulação de Dados e Investigação de casos das doenças e agravos de notificação compulsória – uma lista com cerca de 40 doenças e agravos. “Essa demanda partiu dos profissionais dos municípios para as regionais, pois a última capacitação sobre o tema havia acontecido em 2010”, diz Mary Alexandra. A técnica da SES-GO informa, ainda, que no último encontro do curso os participantes apresentarão um trabalho de análise sobre um problema de saúde do seu município. “Teremos uma devolutiva dos profissionais sobre a parte teórica do curso e eles terão condições de perceber melhor a realidade dos agravos e doenças na sua cidade”, acrescenta.
Doutora em Medicina Tropical e médica sanitarista, Cristina Laval é uma das docentes do curso e, segundo ela, o Ministério da Saúde dispõe de um rico banco de dados que precisa ser transformado em informação. “Conhecendo a situação de saúde do seu município, os gestores e técnicos poderão propor medidas de prevenção e melhorar a saúde dos cidadãos”, destaca a médica.
Entre as doenças de notificação compulsória que chamam a atenção dos profissionais de saúde, Cristina Laval destaca a dengue – com uma sazonalidade ao longo do ano e aumento de casos no período quente e úmido –, as intoxicações exógenas (por substâncias químicas, como agrotóxicos, drogas, entre outras), e acidentes por animal potencialmente transmissor da raiva, que geram atendimento no SUS por tratamento antirrábico.
A médica ressalta também que o crescimento de notificações de alguns agravos nos últimos anos, como por exemplo, de casos de violências, de sífilis e de acidentes de trânsito em cidades de médio porte, acende alertas para a adoção de medidas além da esfera da saúde, pois perpassam por outras áreas como educação, assistência social, segurança pública, entre outras. “Com esse curso, o Estado pretende instrumentalizar os técnicos a fazerem a análise de dados que impactam na saúde da população e assim poderem planejar melhor as ações”, finaliza.
Foto: Erus Jhenner